Gostaria de dividir algumas questões ainda sobre o livro “As Long as it’s Pink” de Penny Sparke.
No capítulo 6 “The Selling Value of Art: Women and the Moderne”, Sparke explica que no período entre guerras nos EUA, o pensamento por detrás da publicidade, era essencialmente feminino, no esforço de penetrar no psicológico das mulheres. As estratégias publicitárias alinharam-se com as ideias de Thorstein Veblen (1857 – 1929) incentivando as mulheres de todas as classes a participar do mundo do luxo. A democratização do luxo era um paradoxo que cabia aos publicitários resolvê-lo, ou escondê-lo. Uma forma simples de associar os produtos com a noção de moda e tendências era utilizar-se das cores, que a autora menciona como “flavour of the month” (SPARKE, 2010. P. 90). As cores foram amplamente utilizadas, desde pequenos objetos aos armários de cozinhas na década de 1920, e eram compreendidas como uma ferramenta de venda.
Mais adiante nesse mesmo capítulo, a autora lembra que antes da década de 1920, as fábricas trabalhavam em menor escala e adaptavam seus produtos de acordo com as exigências simbólicas dos consumidores e aos ambientes para os quais eram destinados, gerando assim uma maior diversidade estética, inclusive de cores dos produtos. Porém a autora observa que, dentro do conceito de produção em massa fordista esta abordagem flexível não era mais possível, dado o nível de racionalização necessária para fazer desse modelo um fórmula de produção viável.
“In Henry Ford’s famous phrase, Ford costumers could have their car any colour
‘as long as it is black.’ Product standardization, as a result became increasingly the norm.”
(SPARKE, 2010. P. 93.)
Apesar da fala acima de Henry Ford, a feminização dos bens de consumo, nos EUA, começou com o objeto mais simbolicamente masculino, o próprio automóvel. A publicidade já se apoiava nas cores dos produtos para conferir valores, uma vez que, de acordo com Sparke, esses produtos não eram mais reconhecidos simplesmente em função de seu desempenho, seu preço, ou suas qualidades de economia de trabalho ou de melhoria de higiene. Ao final da década 1920, os produtos falavam cada vez mais para si mesmos, articulando uma sofisticada linguagem simbólica que procurava adentrar no subconsciente dos compradores de diferentes maneiras. Em 1923 a Chevrolet introduziu cores no Modelo Superior, uma pequena mudança que teve uma enorme repercussão, como explica Sparke: “This small but enormously significant decision marked the moment at which American automobile design, rapidly followed by product design in general, acknowledged the need to recognize beauty as well as utility. Soon colour was joined by a consideration of line and form as well .” (SPARKE, 2010. P. 93.)
Assim, logo após Henry Ford dizer que seus carros poderiam ser da cor que o consumidor desejasse “as long as it is black“, seus concorrentes, bem como demais fabricantes, compreendendo o mercado da época (e da era que se iniciava) introduziram produtos em diversa cores “as long as it is sold.” [ frase minha, rs]
Estou terminando de escrever um artigo sobre minhas considerações gerais sobre este livro de Penny Sparke. Logo que for publicado colocarei um link aqui.
Por favor, deixem seus comentários!! 😉
Abraços,
Fanny
Fonte das imagens:
Model T, Ford (1913): http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Model_T
Buick Master, Chevrolet (1923): http://en.wikipedia.org/wiki/Chevrolet_Superior